No segundo dia pesquisei bastante o círculo, simbologia muito presente na vida indígena, para mim ele apareceu de repente no segundo ensaio com a Edith, dessa vez pude experimentá-lo completamente, e através dele descobri a suavidade e introspecção da índia de INI, utilizei também um abano (leque) que comprei na lojinha da Funarte, em Brasília e um brinco de penas que eu tinha, esse dois objetos colocou a índia em contato com o resto dos participantes do Atêlie e me mostrou o tempo dessa índia através do vento, experimentando o vento me veio na memória o apito desenhado pelo Marcel(meu filho)no seu exame para a faculdade em Nuremberg. O apito que entra o vento de um lado e sai o som do outro.
Mas ontem, no terceiro dia ela se compôs quase que totalmente, pode ser que hoje, sabado, ela se modifique, mas nasceu a pintura do rosto, o cocar, o colar, ela ficou colorida e enlouqueceu, como acontece com todos os povos que perdem sua tradição. É uma índia louca, mas calma, em PAZ.
Ela fala mas sua voz não sai, ela só gesticulou muito a boca, ficou até parecendo um clow, isso só vou ter certeza na hora que ver as fotos e filmes que foram feitos, mas me senti clow. Depois me despertou muitas memórias.
Primeiro me lembrei dos Kadiwéus e dos desenhos que o Og Gil(meu filho) fez para os brincos em prata:
depois me lembrei da Arara que me cumprimentava todos os dias quando trabalhava na ACM em Osasco e carregava o Marcel(meu filho)na tartaruga, ele amarrado na frente do corpo, essa Arara sempre tem aparecido em algumas performances, acho que ela é uma exibicionista, mas linda, e todos adoram.
Em seguida lembrei muito do extermínio da tribo do Potiguares, que foi uma das primeiras tribos extintas no Brasil, devido a sua não aceitação a serem colonizados. Câmara Cascudo tem várias lendas a respeito da extinção dos potiguares e lembrei do enterro do meu pai,eu na frente do caixão com um incenso indiano aceso, os homens todos da aldeia ajudando a carregar o caixão e os animais(que ele tanto amava) todos se aproximando para assistir o cortejo, a igrejinha, minúscula na frente, parecia uma cena de filme do Glauber Rocha, pena que não tinha uma camêra para filmar.
E domingo será a apresentação do resultado desses quatro encontros dirigido pela Claudia de Souza que para mim está sendo uma linda descoberta. Ela e a sua companhia de danças. Agradeço a Claudia por desenterrar em mim tantas memórias e por você ser o que você é, uma ótima diretora e sua Cia Danças é o máximo.
Beijos a todos. E VIVA A ARTE.